Testamento de um Vivo


Ouço as vozes do tempo
O repetir de um passado
A vida que ultrapassa os homens
Que destrói barreiras trespassa o sonho...
Neste momento, sou eu e o mundo
Sou eu para o mundo,
Um mundo de homens,
Um mundo de personagens...


A este fim que determino
Deixo ao tempo a palavra
A lei da minha lenda.
Ao meu espírito deixo a memória
Das personagens, dos tempos, dos exemplos.
No mito deposito a fúria,
A inconformidade de uma existência própria.
À minha personagem
Deixo o sonho e o sopro de cinzas de um real.
A ti alma,
Entrego o meu sarcófago milenar,
A arca do poder, o fogo e as asas do Dragão.
Nas estrelas
Deixo as linhas mal desenhadas do poema
O infinito do presente.
Deixo aos homens
O que resta deles
E o que lhes falta existir.
Para ti vulgaridade
Deixo o corpo cansado e inútil daquilo que sou.
Aos que vejo
Deixo tudo o quanto sou
E consigo ver.
No Cosmos
Deixo cair o horizonte
E deixo-me ir, sozinho
Rumo ao meu céu e ao meu inferno...


Assim reactivo o meu velho blog: Estados de Espírito