"Animação SocioCultural e Protagonismo Juvenil"


Termino e começo a 5 de Novembro mais um recanto da minha "quase intensa" vida... Acabei por estes dias a minha terceira obra "Animação SocioCultural e Protagonismo Juvenil"... apresentá-la-ei dia 5 Nov., ou se me estiverem a ler depois, apresenteia dia 5 Nov. Partilho convosco as duas ultimas páginas do "encantamento", que embora muito próprio, continua a ser o meu... "Animação SocioCultural".

"Partindo agora de uma perspectiva mais pessoal, deixo aqui algumas considerações para o futuro, numa perspectiva de orientação para a acção.

Esta será sempre uma obra inacabada sujeita a reparos e a novos contributos. Foi sobretudo pensada na perspectiva de que qualquer jovem que inicia o seu processo de formação profissional no sentido de se tornar um Animador, seja capaz de a ler e compreender, utilizando-a como mais um instrumento de reflexão e actuação.

Não escondo que o campo do Protagonismo Juvenil é a minha área de actuação privilegiada desde que sou Animador. Está na base da construção da minha identidade profissional, alicerçada num conjunto de vivências ligadas ao Associativismo Juvenil, sobretudo em movimentos da Acção Católica como o MAAC e JOC.

Ao longo do meu percurso, vi e vejo o Animador como um promotor privilegiado do Protagonismo Juvenil. Neste caminho ele é alguém, que assumindo igualmente o seu protagonismo, vai construindo a sua identidade todos os dias.
Com a maturidade o Animador vai apurando os seus sentidos, desenvolve a sua técnica e ética e constrói a sua linha de orientação. Mas este percurso está sempre associado a uma sistemática experimentação. A sua vida é uma espécie de ‘Laboratório Social’, de constantes experiências falhadas e bem sucedidas, mas tendo como terreno, como contexto, o real.
O Animador adensa-se e qualifica-se na realidade de todos os dias. A sua formação técnica serve de ‘mala de ferramentas’, pois ele não é Animador, ele ‘torna-se Animador’ quando envolvido no meio social, tendo presente as potencialidades e limitações do mesmo. Este é um processo de formação contínua e constante actualização. Ele próprio sentirá essa necessidade de aprofundar o ‘que já é’, porque o meio que opera está em constante derivação e progressiva mudança social.
Idealmente, o Animador deve trabalhar numa equipa multidisciplinar (também ele deve ter o seu grupo de pares), com competências técnicas e sociais bem definidas, que lhe permitam analisar as suas opções e actuações. Não sendo possível, deve pausar a sua intervenção para reflectir a sua acção com outros técnicos, de preferência de áreas diversas, que possam com a sua experiência no terreno ajudar a clarificar ‘as opções de caminho’ que naturalmente o Animador fará.
É a partir deste referencial vivido que o Animador se torna protagonista dele próprio, fortalecendo e dando forma ao seu papel de promotor do protagonismo juvenil.
Futuramente, penso ser importante colocar o modelo que propomos em discussão, perceber os seus pontos fortes, as sua debilidades e a evolução que a partir daí deveria preconizar. Mas esta discussão não deveria apenas ser feita a partir dos Animadores, é relevante que seja feita pelos próprios jovens, no seio dos seus grupos.
Fico a pensar quantos de nós, ligados às dinâmicas de ASC desde sempre, o considerarão desajustado ou mesmo, obsoleto. É legítimo, ele não pretende ser universal, pretende antes relevar uma perspectiva que considera os grupos juvenis a partir do seu potencial revelado e não a partir de uma qualquer análise de necessidades com fundamentos estatísticos. Seria interessante promover, pela primeira vez no nosso país, uma espécie de Feira do Protagonismo Juvenil, onde partindo de dinâmicas de Educação não Formal, para além da partilha de vivências e experiências, se pudesse equacionar a aplicabilidade e utilidade do modelo proposto.
O trabalho do Animador com jovens só é realmente importante, na minha perspectiva, quando na sua acção, o Animador “existindo”, permite que os outros “também existam” num protagonismo partilhado e arquitectado por todos, mesmo com diferentes níveis de envolvimento. A este respeito, termino com as sábias palavras de um amigo italiano, o animador Stefano Bottelli: “…o nosso trabalho torna-se importante quando percebes o que um jovem pode fazer com o teu poder e não o que o teu poder pode fazer a um jovem...”. "