Humanos poetas...




Ocasionalmente
Somos actores em palco próprio,
Guerreiros da nossa própria batalha,
Narradores de uma vida real.
Usualmente
Somos mosqueteiros de desdita alheia,
Cavaleiros num torneio fora de fronteiras
Feiticeiros de milagres de outras parábolas.
Será por sermos poetas
Ou apenas porque em sermos humanos.
Infinitamente falando,
Acho que persistimos
Porque sonhamos como poetas
E tresandamos a humano.
Foi sempre mais épico
Pintar o quadro do último dos Descobrimentos
Do que acordar ocamente "eu".
Já não tento perceber o certo e o errado,
Já aniquilei a tentativa de entender e desvendar o meu ego,
Alimento a esperança do "eu",
Mas sinto, sentimos,
Mais conforto no "tu", no "vós",
Nos "eles",
Nesses estranhos que precisam do "nós"
Que sem "nós" só trevas
Que por causa do "nós" navegam na luz.
Acho que na nossa própria hipócrita existência,
Em raros momentos de vício
Percebemos a nossa própria epopeia,
Entendemos em que barco pernoitamos.
Mas poetas humanos que somos
Resgatamos o Ego,
Damos como certa a inocência dos astros
E invadimos o Cosmos da Insanidade.
Não importa se vamos atracar,
Importa menos se alguma vez saímos do porto de abrigo,
O que nos faz existir
É o facto de continuarmos perdidos........................