O Leopardo das Neves...

O leopardo é símbolo de altivez, qualificação pela qual constitui o emblema tradicional de vários países. É também símbolo do caçador: o nome de Nemrod, caçador da mitologia da Mesopotâmia, é derivado de nimr, o termo semita para leopardo. Peles de leopardo foram freqüentemente usadas por guerreiros e sacerdotes de várias culturas, como símbolo de ferocidade de caçador ou de domínio sobre a natureza.

Na China, o leopardo é visto como animal hibernal, cujo aparecimento e desaparecimento está ligado ao ritmo da natureza e é símbolo de selvageria a ser domada: uma jovem bela, mas teimosa e violenta é apelidada de “pantera florida”. A cauda do leopardo é símbolo de distinção e é usada para adornar carruagens. Seu nome bao (=cruel, selvagem) é tabu na China Ocidental.

Segundo os bestiários medievais, a pantera é uma fera dócil que tem o dragão como único inimigo. É um animal belo e multicolorido. Depois que a pantera come, vai a uma caverna e dorme por três dias. Quando acorda, emite um rugido ruidoso e um hálito doce, de aroma semelhante ao pimenta-da-jamaica, que se espalha da sua boca. Qualquer animal que ouvir o rugido segue o aroma e chega à pantera. Só o dragão fica longe, escondendo-se num buraco por ter medo da pantera. A fêmea só pode dar à luz uma vez, porque o filhote rasga seu útero com as entranhas, ferindo a mãe de modo que não possa mais conceber.

Na heráldica, a pantera, representada com diversas cores (freqüentemente branca com pintas multicoloridas) costuma ser mostrada com chamas saindo da boca e orelhas; isto é chamado de “pantera incensada”. As chamas representam o aroma doce supostamente emitido pelo animal. O rei Henrique VI da Inglaterra e outros descendentes da casa de Lancaster usaram a pantera como seu emblema.

Já o leopardo – supostamente um animal diferente – era visto como símbolo do adultério, por ser supostamente o resultado do cruzamento de um leão com um “pardo” – um animal descrito como pintalgado, tido como extremamente ágil e capaz de matar com uma só patada. A presença do leopardo na heráldica geralmente indicava uma casa nobre originada de um filho bastardo.

É provável que a panthera ou pardus dos antigos gregos e romanos fosse na verdade o guepardo, que ao tomarem conhecimento do leopardo o tiveram erradamente como um cruzamento entre guepardo e leão, por ser de tamanho e características intermediárias entre os dois felinos. O próprio nome "leopardo" sugere um cruzamento de leo, leão, com um animal chamado pardus.

No século XVIII, o naturalista Buffon chamava o animal que hoje conhecemos como guepardo de "once" ou lonza. Hoje, esse nome é dado ao leopardo-das-neves (Panthera uncia ou Uncia uncia).

Na Idade Média, uncia ou luncia era o suposto híbrido de leopardo e leão, citado por Dante, no início da Divina Comédia, como símbolo de incontinência sexual e usado na heráldica por guerreiros famosos por algum estratagema. Era representada como um leão sem juba ou como um leopardo negro, às vezes, com manchas amarelas (ou seja, um leopardo "em negativo").

O leopardo das neves habita nas Montanhas com cobertura de estepes ou bosques de coníferas na Ásia Central, Himalaia, China e Mongólia, a altitudes de 1.800 m a 6.000 m

Massa média: macho: 50 kg (-3); fêmea 37 kg (-4½). Comprimento: macho 1,15 m, mais cauda de 1 m; fêmea 1 m, mais cauda de 85 cm. Altura: 60 cm. Força: macho +5½, fêmea +4½.

Conhecido em inglês como snow leopard ou ounce. Pelo espesso (3 cm a 5 cm), com patas largas, não ruge. De hábitos diurnos, caça íbex, carneiros selvagens, veados, gazelas, lebres, roedores, pássaros, porcos selvagens, filhotes de iaques e marmotas. Costumam perseguir furtivamente a presa e atacá-la de uma distância de 6 a 15 metros. Seus territórios são amplos, de 140 km² a 1.500 km². Há cerca de 5 mil em estado selvagem e 600 em zoológicos. Os filhotes nascem de abril a junho, em ninhadas de um a cinco.