O maior espetáculo do mundo




De uma forma ou de outra já todos quisemos ou procuramos ver o maior espetáculo do mundo, seja lá o que isso for. Para uns é o circo, para outros é uma boa partida de futebol, outros naturalmente escolherão uma paisagem mítica, outros ainda ficarão os curtos dias que lhes são concedidos em frente à televisão. Mas o que é realmente o maior espetáculo do mundo?


Como não existe nenhuma resposta concreta para a pergunta que enunciei fico-me pela pouca experiência de vida que tenho. De todos os momentos artísticos que tive a oportunidade de ver e participar o espetáculo "Alegria" da companhia Cirque du Soleil foi, sem margem para dúvidas, o mais marcante, brilhante e cinéfilo. Tratasse de um momento de poesia em forma de expressão corporal no seu sentido máximo, na sua forma mais opulente, numa fotografia cósmica de imaginação irradiante. O espetáculo é  conjugação perfeita de melodia, história, cenário, sonho e humanidade.

Mas uma coisa é o espetáculo que vemos e participamos, outro é o espetáculo que sonhamos, que vimos nascer, que nos dá dimensão, aquele que nos fez e se faz numa construção em que o último ato é apenas o resultado final de um caminho percorrido por muitos e sentido por todos.

Já encenei várias peças e momentos de expressão artística nos mais variados domínios. Todos fizeram sentido no seu devido tempo, na sua forma e marcaram etapas de referência. Mas a 8 de Março de 2012, na sala de espetáculos da Cooperativa de Ensino Didáxis, onde sou docente e diretor de cursos profissionais na área da Animação SocioCultural e Apoio Psicossocial, encontrei o meu "maior espetáculo do mundo". Não é que o resultado final daquele conjunto de encenações tenha sido de um mundo que não este. Não é isso. Acontece... que o momento foi a fusão de uma história de três anos que... mais do que nunca.... fez sentido.

Sempre invejei positivamente alguns amigos pelas produções artísticas que produziam e pelo processo educativo e pedagógico que os mesmos implicavam. O produto final era meritório e de qualidade e evolução dos "miúdos" com quem trabalhavam era evidente. Sinto que tive a oportunidade de atingir essa meta, de fazer parte de um percurso sólido, único, de qualidade e que foi partilhado com centenas de jovens e adultos e que a diferença...uma diferença real e marcante.

Entretanto retrato uma hora e trinta minutos antes do espetáculo começar. Entro sozinho na sala onde vai acontecer o espetáculo. Toca a música "Alegria", a tal do maior espetáculo do mundo. Estou profundamente só sentado na boca de cena. Se a paz interior existe, acho que nesse momento estava em paz.... o importante já tinha acontecido... o caminho já tinha sido percorrido.... e eu tinha tido o privilégio de ter feito aquela viagem.