Foi por acaso que existe o que existe?...



Nas ruas de um caminho como nunca vi
Vi mais um caminho que  não procuramos
Nem queriamos encontrar.
Ao fundo vi uma velha estalagem abandonada,
Aproximei-me, bati na enorme porte de madeira de carvalho
E esperei que dessem por mim.
Passaram breves instantes... e num ranger incandescente
A porta foi-se abrindo lentamente, lentamente...
Uma pequena fada estava do outro lado,
Batendo asas e de face perdida.
Perguntou-me o que me trazia aquelas paragens?
O que fazia de mim presente naquele momento?
Eu no meu absurdo, não sabia o que responder,
Tinha sido levado ali pelo meu acaso,
Pela minha curiosidade,
Por um tudo e nada que se traduziam num caminho desconhecido,
Trilhado por uma par de pés famintos
Por uma esquizofrénica vontade de perceber o além...

Depois destes minutos iniciais de insano silêncio,
Regateei que precisava de pernoitar
Precisava de uma horas de silêncio
Para continuar viagem.

A pequena musa deixou-me entrar
Acompanhou-me até aos aposentos
E por ali me fiquei.
Horas finitas de sono deram lugar ao meu abrir de olhos,
Olhei à minha volta,
Nem aposentos, nem estalagem
Apenas eu, depois de mais um sono perdido.
Levantei-me, preparei-me e rumei à labuta diário.
Não deixava de pensar, de me atormentar
Por aquela estranha e improvável visão, talvez sonho até...
Até que num desses corredores de rodopio,
Logo após o último abrir de porta,
Revi a face que abrira a porta durante o meu último sono...