A Ilha de Gorge e os 5 artefactos do Silêncio


Por estes dias parti. com os meus aprendizes Yber e Phili e Mestre Lyn para a ilha de Gorge, parte dos territórios de Milénia, as terras da magia intemporal, perdidas num tempo sem história. 

A nossa aventura passava por descer as enormes Colinas do Cobre até às Fajãs de Milénia, pequenas aldeias bem coladas ao mar e de acesso quase impossível por onde habitam os 5 Mestres do Silêncio. 

Estes Mestres são Sábios da Velha Ordem dos Cavaleiros do Poder que guardam os segredos dos Artefactos do Silêncio, cinco artefactos antigos, que segundo o Livro dos Elementos, guardam o poder do Intangível, aquele que está presente em todos e em tudo, mas que nunca materializamos e que só descodificado através do domínio da Linguagem do Silêncio. Eles são o a pedra da Alma, o colar do Tempo, a máscara do Infinito, a adaga da Utopia e o Lenço da Magia. Segundo os Mestres Antigos, a pedra da Alma é capaz de ler as intenções escondidas, do subconsciente mais profundo de cada um. O Colar do Tempo é capaz de parar o Tempo e, segundo alguns, através de um poder superior, é capaz de fazer avançar e recuar o mesmo tempo. A máscara do Infinito é capaz de abrir portais entre mundos. A adaga da Utopia, reza a lenda, é capaz de filtrar todo o mal enraizado no coração de qualquer ser ou entidade viva transformando-a em energia benigna. Por fim, a lenda conta ainda que o Lenço da Magia é capaz de desvendar a magia escondida, sem que no entanto a consiga manipular. 

Gorge era uma ilha quase inatingível, talvez por isso os artefactos tenham sido lá guardados. 

Chegamos à ilha de Balão de Ar Quente, mas para chegarmos às Fajãs do Silêncio teríamos de descer montanha abaixo e enfrentar quedas de água mortais, penhascos tornados invisíveis pela flora luxuriante e descobrir trilhos à muito deixados ao abandono. 

Como chegamos perto do anoitecer montamos acampamento, acendemos uma fogueira e pernoitamos nas encostas do pico da Esperança, a encosta mais favorável para descer até às Fajãs do Silêncio. 

Com o primeiro amanhecer, levantamos acampamento, preparamos o equipamento e descemos montanha baixo. Mesmo sendo uma descida difícil fomos arrebatados pelas quedas de água que esventravam a montanha e reluziam à distância através do efeito do Astro Maior. Por entre floresta densa, mais abaixo, fomos capazes de descobrir um pequeno trilho. Percebia-se que era um caminho vulgarmente utilizado e em passada larga seguimo-lo, até que, bem ao fundo, no sopé da grande escarpa, lá estavam as Fajãs do Silêncio. Quilómetros e quilómetros de pequenos templos construídos pelas mãos dos velhos Mestres do Silêncio, a maior parte já desabitado. 

Não avistávamos ninguém… passaram horas… decidimos avançar. As Fajãs não podiam estar abandonadas, o cuidado com que estavam tratadas mostravam que ali pelo menos tinha passado alguém. 

De templo em templo começamos a explorar todos os recantos em busca de alguém. Após quase um dia de buscas, Yber questionou-me: 
- Já não deve estar cá ninguém, para onde achas que foram todos, Mestre? 
- Não faço ideia, as informações que tinha confirmaram-se até agora, menos a presença de quem procurávamos. - Respondi. 
- A viagem foi em vão Mestre, não está cá ninguém. – Retorquiu Phili, constrangida por todo o esforço que havia feito em vão. 
- Lamento o que sentes Phili. Se não foste capaz de ver para além do que procuravas então estás no sítio errado. 
- Não te percebo Mestre, o que quereis dizer? 
- Podemos não ter encontrado ninguém, mas levamos uma história nova para contar. Ninguém a paga a memória da nossa descida tenebrosa, das cascatas de água selvagem que descobrimos, da longitude que havistamos e a visão de deslumbramento que as Fajãs do Silêncio nos proporcionaram. Há sítios que só por si são a própria magia e essa só é visível se estivermos disponíveis para ver além do que procurávamos. 

Neste momento uma sombra ergue-se atrás de nós de surge Alihas, Mestre do Lenço da Magia e um dos 5 guardiões das Fajãs do Silêncio. Espantados com aquela presença inesperada, a nossa aventura começava agora… Nunca me esqueço das suas primeiras palavras: 
- Bem vindos ao que está para além do que procuravam……