Diários de Jerusalém - Os dias do sacríficio....




Perguntamo-nos muitas vezes, até onde estamos dispostos a ir. Acreditamos que no momento certo estaremos disponíveis para o último sacrifício. Se tivermos sorte este momento nunca chegará e nunca teremos de o fazer.

Hoje estivemos por Massada, fortaleza épica com mais de 3000 anos de história, situada em território impossível, em pleno deserto da Judeia, a poucas centenas de mettros do Mar Morto. Massada é o símbolo da resistência judaica à opressão romana. O cerco de Massada foi um dos últimos eventos da primeira guerra romano-judaica, ocorrido entre 73 e 74. Estes  eventos foram relatados por Flávio Josefo, um líder rebelde judeu capturado pelos romanos e que depois se tornou num historiador ao serviço de seus captores. Segundo ele, o longo cerco pelas tropas romanas levaram a um suicídio em massa dos sicários rebeldes e das famílias judaicas que viviam na fortaleza. Massada tornou-se desde então num evento controverso na história judaica, com alguns a considerar o local como merecedor de reverência, uma comemoração de ancestrais que deram a vida numa luta heroica contra a opressão, enquanto que outros consideram todo o evento como um trágico alerta contra o extremismo e a incapacidade de ceder. 
A crença judaica proíbe o suicídio, a vida é encarada como a dádiva que apenas Deus tem a capacidade de tirar. Massada ultrapassa essa máxima em nome da resposta à opressão e da liberdade. Preferiram o suicídio a ser dominados pelo opressor. O último sacrifício em nome de um suposto bem maior. 

Não tomo partido sobre o que não entendo e é bom termos consciência que existem domínios, espaços da mente e do tempo que nunca vamos entender. Respeito o sacrifício que fizeram, mas preocupa o que o mesmo inspira nos dias de hoje.

Em dias de sacrifício fica a certeza que uma ponte continua a ser mais poderosa que um muro e que com um mar pela frente, mesmo sem ponte, podemos sempre fazer um barco só para ver como é do lado de lá.