Diários de Jerusalém VI - O dia da Lenda do Cavaleiro





Cavaleiro e um conceitos chave da minha vida. O legado do Cavaleiro, todo o imaginário à volta das histórias, magia e  lendas que as várias ordens de Cavaleiros me transmitiram sempre me fascinaram e determinaram uma parte relevante da minha personalidade, forma de estar e forma de acreditar. O ideal do cavaleiro trespassou me a alma como uma Excalibur filosófica (espada lendária do Rei Artur) e fez-me ver para além dos meus muros e permitiu e contínua a permitir-me viajar pela insónia do passado, pelas auras do futuro e fugir a banalidade da realidade que prefiro fazer de conta que não existir. Só para que fique esclarecido, não vivo à parte da realidade.

Mas continuando... Hoje estive em Acra, cidade da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários e mais tarde da Ordem dos Cavaleiros Templários, conquistada e reconquistada dezenas de vezes por turcos, franceses, árabes, judeus, cruzados, entre outros. 

Acra é uma lenda perdida no tempo, não só pelos pergaminhos lá encontrados que retratam muita da sabedoria ocidental cristã, mas sobretudo pelas ruínas incrivelmente preservadas e pelo que representou enquanto principal porto do mediterrâneo para chegar a Jerusalém. Nas paredes das catacumbas da cidade subterrânea encontramos as marcas dos grilhões dos prisioneiros, a sumptuosidade da magnitude das colunas que seguram os claustros principais e salões de generosas proporções por onde viveram os velhos cavaleiros da Ordem Hospitaleira e Templária. 

Fechando os olhos, deixando a plenitude invadir-nos conseguimos imaginar a vida de cavaleiro, a preparação da armadura para o combate, a paragem para meditar, a reunião de companheiros de guerra para preparar o próximo plano, o momento da partida e do regresso, o momento de pausa com o nobre escudeiro. 

Por fim chegamos a Cesarea Marittima, última capital romana de Israel. Aqui o mito do cavaleiro contínua. O anfiteatro romano, a fortaleza de Ricardo Coração de Leão, Rei da Inglaterra Medieval, desaparecido na Terra Santa, fazem-nos sentir de volta à Lenda do Cavaleiro.

Faço então parar o tempo retenho-me no cavaleiro que sou e renovo os votos de gratidão e resolução ancestrais. 

Ser cavaleiro é combater pela liberdade fazendo do destino um aliado. Ser cavaleiro é disputar cada combate como o mais importante da eternidade que nos resta. Ser cavaleiro é ser o mais engenhoso e pacificador que puder com tempo e recursos que as circunstâncias me permitirem. Ser cavaleiro é ver na diferença do adversário uma oportunidade para aprender e evoluir. Ser cavaleiro e ver em cada nova viagem a redescoberta da sua linha do tempo para o tempo que se segue. 

Cavaleiro!!! Faz os teus votos... escolhe o que vais ser com a tua liberdade.