Por terras de Atros - O Guerreiro Cavalheiro (Parte V)




Este foi o dia mais intenso aqui em Atros. Tive a hipótese de rever Mestre Albi, conhecido por dominar o poder do “Anima”, a capacidade de “dar alma”, de contaminar de forma curativa e multiplicadora os sentimentos e potencial do próximo. 

Em grupo, juntamente com Sarah, fomos levados a entrar numa aventura épica. Albi quis-me mostrar dois dos recantos mais bem guardados de Atros, a Lagoa dos 25 Ribeiros e a Cascata Monumental de Risbin. 

Para além de fruir dos sítios o nosso objetivo passava por treinar as práticas da Alquimia Emocional, em que um Mestre Aprendiz conseguia através do entrelaçar de mãos passar a sua energia e saber puro para outro Mestre Aprendiz. Esta era uma arte muito antiga e permitia que um Mestre pudesse passar para outro um dos seus principais poderes. Só funcionava em sítios sagrados, pouco tocados pelo homem e onde Gaia, mãe de todos os seres vivos, dominava todos os elementos. A Lagoa dos 25 Ribeiros era um desses locais. 

Antes de tudo fomos visitar a Cascata de Risbin e deixamo-nos tolher por aquela visão incandescente. Paramos algumas horas e deixamo-nos meditar. De seguida, montanha abaixo, fomos até ao estreito que dava lugar à Lagoa dos 25 Ribeiros. 

Extremamente cansados, deitamo-nos nos rochedos. A Lagoa tinha uma energia muito especial e era banhada pelos 25 ribeiros de Atros, por isso o seu nome. A concentração de energia vital naquele sítio era enorme, sentia o meu Cosmos interior a brotar como se quisesse fugir de mim, era chegada a hora. 

Mestre Albi levantou-se, estendeu as mãos, entretanto também eu me levantei e dei-lhe as mãos. Fechamos os olhos, deixamos que o som dos pequenos ribeiros que enchiam a Lagoa povoasse a nossa alma e foi então que sentimos o nosso Cosmos a emanar, traçando a nossa aura e fundindo-se num Cosmos uno. Naquele momento deixei que o meu poder se tornasse no poder de Albi e nesse momento senti o poder de Albi a tornar-se meu. 

Ao fim de algumas horas e de forma muito suave terminamos. Albi nesse momento perguntou-me: 

- Pensei que viesses atrás do poder do “Anima”. Em vez disso, no teu silêncio, deixaste emanar em ti o poder do Guerreiro Cavalheiro. Porque o fizeste? 

- Meu velho amigo, o teu “Anima” é só teu. Eu já tenho o meu. Cada Mestre terá o seu, ou nunca seria um ser multiplicador. Já o poder do Guerreiro Cavalheiro poucos o têm. Sabes estar Albi, tens a cortesia e pureza no ato de receber o outro. Tens o teu tempo e não deixas que a velocidade dos outros te contamine. És elegante no trato e sagaz na abordagem que dás aos que parecem complicar o mundo. Ser cavalheiro é um poder que poucos sabem usar só porque vivem demasiado depressa as regras dos outros. 

Depois deste momento regressamos, tínhamos um dia de caminhada pela frente.