Diários de Tempus 5 – As 3 casas do coração de um Cavaleiro



Antes de regressar a casa faltava algo muito importante. Visitar a Necrópole dos Antigos de Tempus, onde estavam enterrados todos os grandes Mestres, importantes Cavaleiros e antigos Oráculos que escolheram ser sepultados em Tempus. 

Tempus não tinha população nativa devido às suas propriedades mágicas, por isso só podia ser enterrado no arquipélago quem nele tinha encontrado a sua casa simbólica, o espaço onde, sempre que necessário, quem ali jazia havia procurado a sua inspiração ou reencontrar-se com a sua energia vital. 

Ao contrário das grandes figuras que ia honrar a minha casa simbólica ficava noutras paragens, mais precisamente na ilha de Milénia Centrum, na Lagoa das Visões, também denominada como Lagoa do Fogo. 

Para melhor perceberem o que é a casa simbólica importa recordar uma das lições mais importantes do Livro dos Elementos acerca das Casas do Coração de um Cavaleiro. O livro retrata o seguinte: 

“O coração de um Cavaleiro procura sempre a intensidade certa para o contexto com que se depara. Quando percebe que começa a esgotar as suas reservas, ele naturalmente procurará uma de três casas: a casa simbólica, a casa desafio e a casa refúgio. 

Cada uma delas corresponde a um ponto de recarregamento das várias energias de vida de que somos feitos. 

A casa simbólica é o leito que o Cavaleiro procura para buscar a inspiração, recarregar a intuição e reorganizar a energia vital. É um espaço de silêncio, de partilha da sua magia interior e de compromisso com o nosso legado. 

A casa desafio é o leito em que o Cavaleiro procura a coragem, a autoliderança e a disciplina, o treino para elevar o Cavaleiro do amanhã. É a casa que partilha com o seu Mestre, é o pousio da sua alma de guerreiro. 

A casa refúgio de um Cavaleiro é o leito onde procura o colo, o conforto, sarar as feridas e reencontrar os companheiros de caminho. É a casa que partilhamos com os que são mais próximos no ontem, hoje e amanhã.” 

Fui até à Necrópole com Bottelli. Chegados ao local ajoelhamo-nos em veneração e meditação aos vultos de outrora e ao seu legado. Depois de mais de meia manhã de recolhimento perante os gigantes do passado, agradeci a Bottelli estes dias e voltei para o meu campo de combate, Ethérnia.