Diários de Tempus I – O Arquipélago onde o tempo não existe - Prólogo




Estava de partida para o arquipélago de Tempus, as ilhas sagradas onde o tempo deixou de ser contado. 

Todos os Mestres viajam para lá à procura de curar as feridas mais sinuosas e difíceis de cicatrizar. Em vida cada Mestre da Ordem dos Cavaleiros do Poder pode viajar até Tempus 5 vezes. A estas 5 oportunidades foi dado nome de a Cura dos 5 sentidos. 

Um Mestre Aprendiz deve usar sabiamente estes cinco momentos. De uma forma resumida, em cada momento que procuramos uma oportunidade na Cura dos 5 sentidos somos levados até ao ilhéu de Madelen. Bem no centro daquela imponente rocha existe uma majestosa cripta que serve de teto ao denominado “Epicentro da Alquimia do Tempo”. É onde se concentra toda a energia vital das ilhas de Tempus, que permite de forma mágica que neste local do universo conhecido que o tempo cronológico pare. No centro da cripta existe um pequeno lago de águas cor de jade onde somos convidados a mergulhar e permanecer. A este momento chamamos de “Desrregularum”, a hora em que somos invadidos por nós próprios para nos voltarmos a libertar. 

Este é o espaço e momento que todos os Mestres procuram em Tempus. Quando recorremos ao “Desrregularum”, sabemos ou achamos que sabemos que ferida procuramos curar, mas a alquimia de Tempus tem a sua própria métrica e forma de nos voltar a equilibrar. A forma com que voltamos nunca é a mesma com que partimos, muito menos se tivermos como ponto de partida a forma com que achávamos que poderíamos voltar. 

No tempo que passamos em Tempus não envelhecemos, a luz e as trevas não avisam a sua chegada e até o momento em que partimos pode ser um mistério. Sabendo em parte o que me esperava, não fiz grandes planos, preparei os mantimentos e parti. Não pensei nas feridas que tinha de curar, nas cicatrizes que queria fazer desaparecer, pensei apenas que esta era mais uma viagem que tinha de fazer….