O Labirinto do Meso Cosmos Simbólico - Diários de Ethérnia - Parte 3


Era o meu terceiro dia de volta a Ethérnia.

Era o dia da Prova do Labirinto do Meso Cosmos. Eu e Bender Marius, velho companheiro de caminho, deslocamo-nos para as margens do Mormom com Mestre Ant Elael.

Sentamo-nos virados para a Lua Cheia em posição de Lotus enquanto Ant Elael evocava antigos dialetos que nos colocaram em transe.

Perdi os sentidos e viajei para um universo turvo de cores obscurecidas. A primeira visão que tive foi o colo da minha mãe. Percebi que tinha entrado no meu Cosmos Biológico, mais precisamente no meu Microcosmos da Segurança. Sem tempo para pensar viajei para uma velha refeição em família durante a minha infância e dei por mim a cortar o cabelo no velho Barbeiro da minha aldeia nativa. Tinha acabado de passar pelo meu Microcosmos da Energia e das Fontes e pelo meu Microcosmos do Desperdício.

Voltei a desligar novamente e voltei a acordar dentro de uma bolha de ar com uma série de outras bolhas gigantes cheias de memórias em que nunca aparecia, mas percebia que eram os meus olhos o comando da visão que me perseguia. Vi o meu primeiro grupo de aprendizes ainda crianças e as primeiras provas de aptidão que haviam feito, vi o dia em que abracei o meu velho amigo Mizegui na Lagoa das Visões e reconheci uma velha Mestra Aprendiz que havia abandonado, Blua,  a partir de uma enorme discussão que me fez conhecer pela primeira vez o meu verdadeiro abismo. Estava perante o meu Cosmos da Psique e pelos seus três estágios, o Microcosmos do Conhecimento, o Microcosmos da Intuição e o Microcosmos do Instinto respetivamente.

De repente fui engolida pela bolha que me protegia e de um sentimento de aflição emergi de um mar negro até a uma praia de enormes pedras. Aprecei-me a sair da água até que fui projetado por um som ensurdecedor nas minhas costas. Virei-me e no imediato e vi projetada nas águas negras de um mar sem nome o dia em que havia escolhido ser Cavaleiro do Poder. A água entrou em remoinho fazendo emergir uma nova imagem, desta vez o dia em que me separei do meu primeiro grupo de aprendizes. Novamente o mesmo remoinho fez emergir mais uma imagem, um dia de treino com a minha Mestra Edvania, onde éramos 5 aprendizes a ler velhos escritos do Livro dos Elementos. 

Tinha entrado no meu Cosmos Social e respetivamento no meu Microcosmos da Decisão, o meu Microcosmos das Relações e o Microcosmos dos Papéis.

De repente o remoinho de água deu origem a uma torrente que se transformou numa enorme onda que acabou por me engolir. De repente estava novamente nas margens do Mormon com Ant Elael ao meu lado. Sentia-me de coração apertado, não tinha chegado a conclusão nenhuma. O anseio de perceber para onde estava a canalizar a minha Magia tinha-se desvanecido. Elael questionou-me:
- O que viste... o que sentiste na tua viagem no Labirinto?
- Vi parte do meu caminho.... vi a minha teimosia, a minha persistência e a minha resiliência perdidas no tempo de outros que já não estão no meu caminho. Mas não consegui perceber para onde estava a  canalizar a minha Magia?
- Não te preocupes amigo, saber que sabes distinguir a tua teimosia da tua persistência e ambas da tua resiliência faz-me perceber que a tua fé não te abandonou. Hoje ficaste a perceber que a tua fé está na tua resiliência e que a tua magia continua a ser a tua fé nos outros. Volta que o teu caminho te voltará a encontrar...
Estas palavras ficariam comigo para sempre.