Diários dos Viajantes Perdidos - Parte I - Para onde regressar?



Uma das grandes dúvidas existenciais de qualquer Mestre é o fim do caminho. Não o facto de este chegar ao fim, mas a casa para onde podemos voltar. Sem darmos conta, durante a viagem, somos tentados pelo desejo do materialismo, da relação fácil ou de que é o momento para parar porque o nosso tempo já era. Estas e outras contaminações fazem-nos repensar se há casa para regressar, se há um refúgio real de quatro paredes e um teto onde vamos habitar no dia seguinte. E para além do refúgio imaginamos quem lá estará, quantos foram capazes de esperar por nós só porque insistimos na viagem quando poderíamos ter ficado. Nada mais errado.

No fim da viagem só há algo que me preocupa, se posso voltar a mim. Algures, haverá sempre refúgio, haverá sempre alguém a quem tocamos o coração e estará disposto a abrir-nos novamente a porta.

Depois de cada viagem importa que o nosso coração tenha sido generoso, a nossa razão consistente e a batalha justa. E se por algum acaso tenhamos perdido a guerra, que a queda tenha sido em nome da verdade. Quando o fim da viagem implica o insucesso, importa que tenha sido em nome do que somos, da nossa liberdade. O regresso de uma viagem falhada em nome da mentira é um regresso impossível, porque nem a nós podemos voltar.

Não te importes com a casa material, importa-te com a tua casa emocional, com a liberdade que não venderás e com a próxima viagem que te voltará a testar e a tentar. No fim perceberás que a verdade esteve sempre contigo na liberdade e compromisso que assumiste contigo e com os que te acompanham.

Por fim falta lembrar, a viagem nunca é feita a sós, senão não é uma viagem, é uma miragem.