"Nunca somos o Suficiente - O 3 níveis da Crença: a Teimosia, a Persistência e a Resiliência..." - Diários dos Viajantes Perdidos - Parte V


Por estes dias, de volta a Islam, ensinava a parte dos meus aprendizes o valor da Resiliência, a capacidade que temos para continuar a caminhar no meio da tempestade, não ceder perante  a falta de fé e, deste modo, continuarmos a dar forma ao nosso sonho e magia interior, deixando que a nossa intuição fale mais alto.

Explicava-lhes que havia 3 níveis de crença no caminho: a Teimosia, a Persistência e a Resiliência.
Todos te podiam levar ao sucesso, mas a verdade por detrás de cada um era completamente diferente. A Teimosia torna-nos cegos e quando nos leva ao falso sucesso faz-nos acreditar que tivemos sempre razão, fazendo despertar em nós o sentimento de que somos "sozinhos contra o mundo que nos rodeia". Na Teimosia assumimos uma posição de ausência de flexibilidade, de maus ouvintes, de auto-suficiência, muito centrados apenas no que queremos no imediato.

A Persistência, por sua vez, é a capacidade de não cedermos perante a tempestade e continuarmos caminho, só que sem termos muito bem a noção da direção. Sabemos que não podemos desistir, mas o destino ainda é incerto.

Depois temos a Resiliência, que para além da capacidade de não cedermos perante a tempestade e continuarmos caminho, sabemos para onde queremos ir. Há uma missão que nos guia, há um propósito maior que nos faz acreditar que podemos lá chegar.

Partilhava estes ensinamentos com Lucy e Giray. Lucy, também conhecida como a Guerreira Leopardo, dominava o poder da Visões Profundas. Era capaz de ler as intenções mais entranhadas e escondidas do seu adversário, amigo ou companheiro de jornada. Por sua vez, Giray, Guerreira Girafa, dominava o poder da Retórica e tinha como armas preferidas o arco e flecha, com as quais era exímia ("não falhava um alvo"). Em situações de crise era a ela que recorríamos para os discursos mais emotivos à grande multidão.

A este respeito Lucy perguntava:
- Mestre questiono-me. E quando percebemos a meio do caminho que não somos o "Suficiente", não há Resiliência que nos valha.
- E o que é para ti "Ser Suficiente". - devolvi a interpelação
- Boa pergunta Mestre... É quando apesar de todo o treino, toda a fé, toda a Resiliência... mesmo assim a tempestade nos vence.
- E tu Giray, concordas? - questionei Giray sobre o mesmo.
- Concordo Mestre. Há momentos em que só a Resiliência não chega. Há tempestades para as quais ainda nunca estamos prontos. - respondeu.
- Caras companheiras, olhais para o caminho como algo finito, como algo em que sois capazes de ver o principio e o fim. O caminho é interminável, as etapas são finitas. Quando sentires que não és Suficiente, percebe que é só mais uma etapa. Percebe que só paraste para retemperar forças, procurar nova inspiração, reorganizar a estratégia para poderes voltar ao caminho. Nunca somos o "Suficiente", porque nunca terminamos o caminho. E essa é sempre uma boa notícia.