Diários de Crepúsculo - "O valor do de cada um, na sua vez, no seu tempo..." - Parte II





A semana em Ammaia com Mestre Umare estava a ser uma saga incrível. O velho ancião levou-nos a conhecer os segredos de Ammaia, os seus velhos templos, as lendas invisíveis e as surpresas que só os locais conhecem. Mas um sítio em particular captou a nossa atenção, as Minas de Sandon. 

Deixadas ao abandono à dezenas de épocas anuais, era o local de onde se extraiam as pedras lunares, minérios raros com que se forjavam muitas das armas e brasões dos Mestres da Ordem dos Cavaleiros do Poder.

Perguntei a Umare:

- Porque é que as velhas minas já não operam, velho amigo?

- O tempo das pedras da lua já passou. Hoje há o ouro, o cobre e o jade. Só os mestres mais antigos continuam a procurar a pedra da lua para forjar as suas armas ou desenhar o seu brasão.

- É pena, a pedra da lua é difícil de forjar, mas sempre olhei para ela como o metal dos predestinados.

- Não lamentes, o tempo e o valor do tempo é assim mesmo.

- Que queres dizer com isso?

- Nunca foi o metal da arma ou do brasão que traçou o valor deste, foi a história e o legado que cada arma e cada brasão representava. Sandon apenas parou, não abandonou a sua história. Lembro-me das sábias palavras de Mestre Bejai, o velho Guardião das Minas de Sandon, antes da sua última missão, encerrar os trabalhos da mina. Ele dizia-me que cada um tem o seu valor, na sua vez, no seu tempo. E que Sandon dava lugar a outros lugares até que um dia voltaria a reclamar o seu. O mesmo acontece com cada um de nós, sejamos Mestres ou Aprendizes. O nosso valor, tempo e vez só tem lugar enquanto percebermos que também é o tempo, vez e valor de todos os outros que acordam com sonhos todos os dias.