Diários do Crepúsculo - Viagem ao que nos atormenta... - Parte IV



Na viagem de regresso de Ammaia parei num pequeno vilarejo para visitar a minha nova Aprendiz, Ray. Ray era uma artista, tinha o poder de encantare fazer magia ancestral através do desenho. O que desenhava ganhava vida durante minutos, poderes que usava para distrair, vencer ou enganar os seus adversários. Há muito tempo que havíamos combinado encontro, mas por entre tempos inesperados os encontros acabavam sempre por ser adiados. Desta vez não podia falhar.

Mostrou-me os seus últimos quadros e passeou-me pelas suas obras de arte mais proeminentes. Mas um detalhe chamou-me a atenção, os quadros que pintara nos últimos tempos. Perguntei-lhe:
- Que significam as espirais que e forma constante pintaste nos últimos quadros? E já agora, quem são as pessoas que estão a ser engolidas?
- É um ímpeto que não consigo parar Mestre. Tenho tido esse sonho de forma constante nos últimos meses? - respondeu Ray de forma vagarosa e quase em lágrimas.

Fiquei preocupado. Os seus desenhos são extremamente poderosas e quando ganham vida podem ser devastadores. Ray descansou-me dando-me a certeza que não tinha dado vida a nenhumA daquelas ilustrações.

Nesse dia ao fim da tarde decidimos avistar o por do Astro Maior e o nascer da noite. Ray perguntou-me.
- Que significam as espirais com que tanto sonho? Quando acordo sinto-me sufocada, quase perseguida.
- Estás a a fazer a viagem que te atormenta, estás a libertar o que desprezas, estás a dar vida à parte de ti que decidiste desligar. Para que percebas o que te quero dizer, imagina o sonho em vida real. Se desprezas alguém é porque desprezas algo nele que faz parte de ti. O que não faz parte do que somos não nos atormenta.