Diários do Império de Gaia - "Era uma vez Poli..." - Parte I


Por estes dias estou em fase de meditação e retiro. Nestas épocas o meu exercício diário passa por longas jornadas de introspeção onde recordo importantes lições que o tempo por vezes parece apagar ou onde aproveito para revisitar velhos amigos e lugares que me deram forma.

Um dia aprendi que "desvendar o essencial apenas se revela quando estamos disponíveis para sermos o que ainda não somos". Reaprendi e percebi este passo vezes sem conta e das formas mais diversas. Mas houve uma vez em que o aprendi de forma rara.

Todos os Mestres treinam a sua conexão ao seu "Eu Animal", prova em que nunca fui muito feliz. Nunca fui capaz de o fazer até que viajei para o Serengeti quando conheci o majestoso Elefante Negro. Antes disso, nunca o tinha conseguido antes. Tinha a capacidade de manipular animais e entrar a sua mente, mas a capacidade de me conectar com um animal e sermos só um, apenas me tinha acontecido no Serengeti.

Mas hoje, durante a minha instrospeção, uma imagem ocupou-me a mente, a de Poli, o velho cão guerreiro da minha avó materna. Havia sido com ele que havia passado parte da minha infância, havia sido com ele, que de forma natural, percebi que estamos conectados com todos os seres, com todas as linguagens, que somos um Cosmos comum. Nunca fui muito bom bom a cuidar dele, mas a verdade é que a conexão ficou e prosperou até aos dias de hoje. Com ele, foi a primeira vez que percebi que "desvendar o essencial apenas se revela quando estamos disponíveis para sermos o que ainda não somos". Ele era a desculpa para fortalecer a amizade com os meus primos, com a minha avó e para voltar às Terras de Devile, de onde a minha avó era nativa. O meu "Eu Animal" começou com Poli.