Para completar esta prova temos de viajar até ao desfiladeiro de Paugau que nos conduz ao pico de montanha com o mesmo nome onde se ergue uma imponente cascata também ela conhecida como a Torrente de Paugau. Contra a corrente temos de conseguir escalar a sua imensidão até ao topo de Paugau. Atingido o topo, algo muito raro, temos de fazer a descida sem nos molharmos, encontrando um caminho diferente daquele pelo qual subimos. A prova pode parecer estranha, mas tem o seu sentido.
A subida da montanha através das reentrâncias da cascata impossível contra a sua corrente em sentido ascendente representa a exigência do treino, a força das ilusões e desilusões que alimentamos e a recordação de que para além do que vemos está o caminho por desvendar. A descida por um caminho diferente, sem nos molharmos, significa que haverão outros caminhos que merecem ser percorridos quando chegamos ao topo.
Yber, meu aprendiz, sugeriu que levasse algumas cordas e uma picareta, mas preferi tentar a minha sorte pelos meus próprios meios. Coloquei de parte todo e qualquer peso que pudesse atrapalhar a minha subida. Respirei fundo e emergi nas águas violentas da cascata até ao seu topo. Apesar de alguns apertos, para meu espanto, cheguei ao cume com alguma facilidade. Já com o horizonte avistado do topo de Paugau vislumbrei dois pequenos carreiros. Confiei na minha intuição e segui pela direita. Após horas de caminho voltei à estrada que me levava de volta ao desfiladeiro de Paugau.
Tinha sido demasiado fácil. Teria sido eu que tinha sido suficientemente competente fruto do meu treino ou teria percebido mal a prova da Montanha?
Há noite, junto dos meus aprendizes à volta da fogueira, partilhei o meu resultado. Perante o seu entusiasmo face ao meu feito lembrei-lhes:
- "O maior perigo para um guerreiro não é o nosso desafio ser demasiado alto e falharmos, é ser demasiado fácil e conseguirmos alcançá-lo. Não deixem que os vossos feitos e conquistas passem ao lado da vossa humildade, consciência e moderação."