"O poder do encantamento, da aura e das várias formas de amor..." Diários da Mestre Unicórnio - Parte II


Os anos passaram e Sarah acabaria por se tornar a Mestre Unicórnio, Mestre Aprendiz do Clã Unicórnio, um dos Clãs mais relevantes na história recente da Ordem dos Cavaleiros do Poder. 

Sarah era conhecida por ensinar os seus aprendizes os 4 poderes que melhor dominava entre todos os Mestres conhecidos: o encantamento através do olhar; a partilha da aura como forma de ampliar a energia de alguém que está ferido; a arte de viajar através da aura mental às memórias mais recônditas dos seus adversários; e a capacidade de perceber o amor verdadeiro em todas as suas formas.

Há muitas épocas anuais atrás viajei com Sarah até à região de Boria, mais precisamente à cidade de Milkar, capital feudal de todas as terras borianas. Paramos para cear numa taberna vegetariana. Boria é conhecida como a região do Verde Infinito, as suas populações baseavam toda a sua vivência na ligação com a terra. Toda a sua cultura, gastronomia e arte nasciam e morriam no verde da natureza circundante.  De seguida seguimos até ao penhasco de Tondrai para ver o por do Sol.

Já com a noite como companheira, acendemos uma fogueira e aproveitei para perceber os seus 4 grandes poderes de Sarah.

- Sempre tive curiosidade em conhecer e perceber os teus poderes. São incrivelmente diferentes dos meus. Dizem que és capaz de encantar através do olhar. É verdade? - questionei

- É o que dizem. - respondeu

- Mas como é que funciona? - perguntei

- Não olho para os poderes para a forma como funcionam, olho para eles pelo que representam. Perguntas se sei encantar através do olhar. Consegui encantar-te através do meu olhar?- retribui-me a pergunta.

- Não vi encantamento no teu olhar. Vi convicção, fricção, vontade e sentido.

- Então se viste isso, esse é poder do meu encantamento através do olhar. Amanhã, perante outro Mestre, outro aprendiz, talvez o poder do meu encantamento através do olhar seja completamente diferente.

- Percebo o que dizes. Então como interpretas as tuas capacidades de partilhares a tua aura como forma de ampliar a energia de alguém que está ferido ou a tua arte de viajar através da aura mental às memórias mais profundas dos teus adversários.?

- Não as interpreto. Sinto a minha aura como parte natural do que sou e deixo-a fluir livremente, seja para curar alguém em necessidade, seja para perceber a raiva e angústia que governam o coração de quem enfrento.

- E o poder para perceber o verdadeiro amor em todas as suas formas. Como manifestas este poder?

- Nunca o manifestei, deixei que existisse. Acredito que o amor é pleno. Começa no abraço da minha mãe, passa pela refeição preparada pelo meu pai, pelo sorriso escondido da aprendiz que treino, pelo nascer de sol que partilho contigo. O amor não tem hora nem lugar para acontecer, manifestasse. A diferença entre mim e o resto da humanidade visível é que eu estou mais atenta, desperta e disponível para o acolher.