"Ver além do horizonte..." Diários do Unicórnio - Parte III


Hoje conto-vos mais um episódio que vivi com Mestre Sarah. Desta vez viajamos até Tempus, as ilhas sagradas onde o tempo deixou de ser contado. 

Como  já vos contei, todos os Mestres viajam para lá à procura de curar as feridas mais intrusivas e difíceis de cicatrizar. Durante a sua existência cada Mestre da Ordem dos Cavaleiros do Poder pode viajar até Tempus 5 vezes. A estas 5 oportunidades foi dado nome de a Cura dos 5 sentidos. 

Esta era a minha terceira vez nas ilhas, mas desta vez não vinha à procura da Cura dos 5 sentidos. Por outras palavras, esta visita não contava para as cinco oportunidades que descrevi. Aliás, a ilha que fomos visitar era Eltimus, a mais pequena das ilhas de Tempus e fora das leis que enunciei. 

Tínhamos ido em retiro com outros Mestres da Ordem dos Cavaleiros do Poder para estudar alguns dos capítulos originais do Livro dos Elementos, o livro que serve de base á formação de todos os Mestres da Ordem. 

Durante as sessões solenes de aprendizagem com os Grão Mestres chegamos ao estudo do capítulo intitulado "Tratado das Visões", que descrevia as capacidades de "ler o essencial", "perceber o impercetível" e "ver além do horizonte possível".

Mestre Olgur, também denominado como o Grão Mestre das Visões do Tempo pediu a cada Mestre Aprendiz, que à luz da sua experiência, redigisse o seu próprio "Tratado das Visões" tendo por base a capacidade que cada um considerava ter para "ver além do horizonte possível".

Olgur pediu silêncio e começou a entoar cantos meditativos enquanto cada um se concentrava na sua reflexão. Chegados ao fim cada um partilhou a sua reflexão. Eu partilhei:
- Percebe que não encontras horizonte se não parares para ouvir o que está perto. O horizonte só continua o que de próximo o teu coração ajudou a revelar.

Mas as palavras de Sarah ecoaram no coração de todos:
- Ver além do horizonte é ver alem do tempo em que existimos. É acreditarmos no mistério que podemos ser na vida dos outros, é acreditar que o nosso tempo será o bastante para irmos além das margens que em tempos nos barraram, é ver o tempo dos outros a tornar-se no nosso.