Os 3 guerreiros do Tempo... - Diários do Silêncio - Parte II

Terceiro dia em Fornos de Pentatauro. Estava recolhido perto do Mar de Atlante com uma velha carta que me havia dirigido um amigo de sempre, Marius.

Nessa carta Marius traduzia as armadilhas que o Silêncio pode encerrar, e que até essas encerram algo de nobre que só o detalhe nos permite perceber. 

Já não via Marius à anos. A nossa amizade remontava à nossa juventude. Nunca esquecerei as noites em claro que passávamos em competições tão inúteis quanto divertidas, só para ver quem alimentava mais o ego do outro. A sua carta fez-me ainda lembrar o meu treino com Carly, minha aprendiz que habitava nas montanhas de Rioja e que dominava as artes do poder da Neve. 

Eis a carta que me deixou:

"O Silêncio é quase sempre bom. Em alguns momentos de devaneio confundimos as suas águas com solidão, mas quando a tempestade se recolhe percebemos que a alma só descansa no manto do silêncio.

É no Silêncio que encontramos, ao mesmo tempo, os três guerreiros do Tempo, a Paz, a Verdade e a Liberdade.

No Silêncio, para o bem e para o mal, não temos Mestres. Somos a liberdade que escolhemos, somos a visão e a missão que o nosso coração quiser..

No Silêncio não há mentira, só há Verdade, porque a mentira exige público atento e no Silêncio somos o único público da Verdade que nos assombra, por muito mentirosa que seja.

No Silêncio percebemos o que é estar em Paz. Percebemos o que é ouvir o coração, o que é repousar na brisa de um abraço distante, o que é valorizar as palavras que nunca foram ditas. Percebemos o que é estar com a nossa alma sem filtros, sem receios, sem intermediários.

O Silêncio é o único refúgio, o único destino, onde é possível, ao mesmo tempo, fazer a viagem ininterrupta da Liberdade, enquanto em Paz conversas com a Verdade."