"O segredo da Utopia e do Infinito..."- Diários do Guerreiro Nómada - Parte VIII



Tinha chegado o dia em que finalmente iríamos em busca dos últimos artefactos do Silêncio. Depois de tantas surpresas, íamos sem expectativas e de coração aberto para o que quer que se tivesse de revelar.
Desta vez fomos os cinco em busca da Adaga da Utopia e da Máscara do Infinito. Ambos estavam resguardados no Templo da Aurora do Norte na montanha mais a nordeste de Gorge. Era preciso ir de barco até ao seu sopé e depois subir as enormes e vertiginosas Escadarias da Essência. Rezava a resolução dos Velhos Mestres que só demonstrando o equilíbrio entre a nossa essência maligna e benigna durante a subida poderíamos aceder ao Templo e usufruir das aprendizagens dos Mestres Guardiões da Máscara do Infinito e da Adaga da Utopia. 

Atracamos o barco e iniciamos a subida. Passaram quase duas horas, a subida parecia que nunca mais acabava até que reencontramos Faty e Ant Elael. Depois de tantas surpresas percebemos logo que os nossos Velhos Mestres, Faty e Ant Elael, eram os Guardiões dos artefactos do Silêncio que estavam em falta. 

Naquele momento, sem pensar muito, corri a abraçar os dois. Foi como se todo o meu percurso ali tivesse feito sentido. Faty e Ant Elael tinham sido decisivos no meu treino para equilibrar o meu Ki (a minha energia vital) e, dessa forma, aceitar que o meu Eu era um todo, a luz e a escuridão, o bem e o mal. O passo que daria a seguir seria sempre da minha inteira responsabilidade. 

Ambos aceitaram o meu abraço. Cada um repetiu o mesmo gesto de afetividade, uns mais intensos que os outros. No final daquele momento de reencontro, esperávamos pela prova que tinham para nós, para que pudéssemos entrar no Templo. Não estávamos mais enganados, o amor que tínhamos uns pelos outros tinha aberto a porta....... 

Depois de entrarmos no Templo, Ant Elael apontou para um enorme lago bem no centro dos claustros principais. Deslocamo-nos para lá. Dentro da água era possível ver duas esferas de energia submergidas, uma vermelha e outra azul. Ant Elael foi consiso nas instruções: 
- Meus amigos, o exercício é simples. Entre vocês devem escolher quem é o mais preparado para recolher a Máscara do Infinito e a Adaga da Utopia. Era impressionante como depois de tanto caminho, chegar à plenitude do nível seguinte significava valorizar as aprendizagens mais simples.... que eram, ao mesmo tempo, as mais estruturais. 

Conferenciamos entre nós e antes da decisão final pedimos para colocar duas derradeiras perguntas. Coube a Freyre o momento: 
- Mestres, antes de tomarmos a nossa decisão pedíamos humildemente que nos ensinassem, uma vez mais, qual o segredo da Utopia? Qual o segredo do Infinito? 
Faty sorriu para Ant Elael e começou:
- Meus nobres aprendizes, o segredo da Utopia é o equilíbrio de sermos o melhor de nós mesmos a partir da felicidade, experiência e amor que acumulamos. Olhar a Utopia é procurar no passo seguinte a alegria de um abraço novo, a surpresa de um sorriso de sempre e o desafio que amar é uma descoberta eternamente por fazer. 
Entretanto, Ant Elael continuou: 
- O segredo do Infinito é ainda mais simples. É acreditar na Utopia seguinte. 
Todos sorrimos como se soubéssemos por antecipação o que íamos ouvir. Percebemos que nenhum de nós precisava de ir em busca de qualquer um dos artefactos. O saber que procurávamos já estava entranhado nos nossos corações. 

Nessa noite, de volta ao acampamento, éramos dez. Eu, Sonny, Freyre, Sam e Edh e os Mestres Alihas, Ant Elael, Faty, Edvania e Lucile. Em tempos, como nós, os Falange, também eles haviam sido um grupo de Aprendizes à procura da plenitude do nível seguinte. Depois de tantas descobertas e desafios por terras de Gorge, esta acabaria por ser a noite mais importante. A noite em que cinco Mestres Aprendizes e cinco Mestres do Silêncio paravam para apenas estar na companhia das histórias de vida de cada um. No dia seguinte despedi me de todos, juntei os meus pertences e parti. Estava na hora de continuar no meu Signum.