"Todos temos Máquinas do Tempo..." - Diários do Guerreiro Nómada - Parte VI

 

Estávamos em Gorge fazia agora seis dias. Eu e Edh havíamos regressado da nossa missão de resgatar a Pedra da Alma. Connosco havia voltado Lucile. De volta estavam também Freyre e Sam. Também tinham sido bem-sucedidos na sua missão de perceberem os poderes do Colar do Tempo.

Tiramos algumas horas para descansar. Para essa noite Alihas havia decretado noite de Signum Arena, momento de assembleia de Mestres em que cada um exporia o que aprendera.

A noite chegara. De fogueira acesa e com uma intensa Lua como companheira era altura de cada um expor o que aprendera. Começamos eu e Edh. Expusemos a nossa fórmula de como era possível ler o nosso próximo e a descoberta retumbante que havia sido perceber que a nossa Mestre Lucile, era na realidade a Mestre do Silêncio Guardiã da Pedra da Alma.

Freyre e Sam ficaram um pouco chocados, mas aceitaram. Por sua vez, Sonny não parecia nada impressionada e mantinha num silêncio impenetrável.

Era a vez de Freyre e Sam contarem a sua história e as suas aprendizagens. Coube a Sam fazê-lo:
- Chegar às Poças de Simodi foi a tarefa mais fácil. Depois de lá chegarmos esperava-nos Edvania, tua velha Mestre Abraham. Foi estranho, mas aceitamos. Em seguida explicou-nos que o Colar do Tempo jazia no fundo da Poça de Simodi. Para aceder ao mesmo e aos seus poderes tínhamos de encontrar a nossa Serenidade enquanto nos deixamos mergulhar nas águas de Simodi. Sem pensar ia-me lançar de imediato, mas Freyre não deixou. Questionou Edvania sobre o que ela entendia ser encontrar a Serenidade. A mesma não respondeu.
- Sim, por essa reação, encontraram mesmo Edvania.- completei o que Sam partilhara. Entretanto este continuou:
- Depois da sua ausência de resposta, Freyre mergulhou nas águas de Simodi. Passados alguns minutos voltou à tona e apareceu a boiar de cabeça para cima, mas sorria enquanto o fazia. Fiquei um pouco baralhado. Quando abriu os olhos pediu para que o ajudasse a subir para terra firme. O resto da história deixo para ti Freyre.
Freyre continuou:
- Depois disto… meus amigos… abracei Sam e ambos mergulhamos. Fomos abraçados pelas águas como se estivéssemos num ventre. A nossa mente desligou e como que começamos a falar com o Tempo. Do nada, tínhamos o coração pleno. Quando fomos capazes de atingir a nossa Serenidade voltamos à superfície. O que vos passo agora a contar terá de ficar entre nós…
Depois de alguns segundos de silêncio, Freyre continuou:
- Percebemos que o Colar do Tempo não existe, a Poça de Simodi é o Colar. É um portal que te permite ver o futuro. Não o futuro que queres ver, mas as portas que podes abrir. Foi aí que Edvania nos ensinou o significado do que havíamos vivido. Passo a citá-la: Todos temos máquinas do Tempo: as que nos levam de volta, as recordações; as que nos fazem parar o tempo, a nossa missão; as que nos fazem avançar no tempo, os nossos sonhos.

O que tínhamos ouvido deixara-nos perplexos. Chegara a vez de Sonny partilhar a sua aprendizagem. Como toda esta aventura, este seria também um momento de alguma estupefação. Sonny não havia partido connosco porque havia ficado com Alihas a dominar os segredos do Lenço da Magia. Mas esta é uma história para o próximo capítulo.