"Quando a única conta que tens é o momento seguinte..." Diários das Terras de Ninguém - Parte I



Por estes dias fui visitar Tito, Mestre das Cores. Tito era o maior Mago que o mundo conhecera no domínio da Magia da Cor. Estão neste momento a divagar sobre o que é a Magia da Cor. Esta mais não é do que o poder de dar e manipular vida a partir da energia da Natureza, o Ki. Tito não era capaz de ressuscitar qualquer humano, mas era capaz de regenerar plantas, animais doentes e manipular os elementos desde que há sua volta existisse energia Ki (também reconhecida como a energia da Natureza). 

Para estar com Tito viajei com os meus aprendizes Sims e Tortuga. Connosco estavam também Mestra Lyn e as suas aprendizes Eleph e Hermes. Tito vivia Lublia, também conhecidas como as Terras de Ninguém.

Quando a Velha Era deu origem à história do presente, Lublia foi dos territórios que nunca integraram a Ordem dos Cavaleiros do Poder, a sociedade anciã que preservava as velhas tradições, protegia os territórios conhecidos graças à sua ordem de Mestres Guerreiros (que também eu fazia parte) e zelava pela integridade do Livro dos Elementos, livro do conhecimento milenar.

Foram alguns os dias de caminho até às fronteiras de Lublia. 

Chegados às Terras de Ninguém, Tito esperava-nos. Recebeu-me com um forte abraço. Depois convidou-nos a pernoitar na sua casa, bem no coração de Lublia, na aldeia de Frankia. Nessa noite, à volta da fogueira, Sims mostrava-se curioso sobre os poderes regenerativos de Tito:
- Mestre Tito, permita-me a curiosidade. Como é que evoca os seus poderes curativos? 
Tito sorriu e sem grandes delongas respondeu: 
- Sims, meu bom amigo. Infelizmente não sou capaz de curar ninguém.
- Como assim Mestre? Sempre me contaram as vossas façanhas e a forma como eras capaz de salvar animais e plantas. 
- Induziram-te em erro. A única coisa que faço é despertar a energia de vida Ki que ainda resta num determinado ser vivo ou planta. O resto é um processo natural. Muitas vezes chego tarde demais e já não há nada a fazer. 

Tito contou-nos então que as pessoas olhavam para ele como um recurso inesgotável, como capaz do impossível, quando ele apenas se limitava a regenerar o que a energia da Natureza permitia.

A conversa prolongou-se e levou-nos a uma pergunta de Tortuga: 
- Mestre Tito, sempre que não chegaste a tempo, sempre que o teu poder não chegou, para onde viajou o teu coração? 
Tito, de olhar distante, foi mais uma vez direto na resposta:
- Cara Tortuga, há momentos na vida que não podem ser adiados, há batalhas que jamais vencerás, amizades que partirão e saberes que nunca aprenderás. Nessa altura, a vida não para e a única conta que resta é o momento seguinte. Prepara-te para ele.