Por estes dias viajei com o meu mais antigo clã de Aprendizes para Balos, a ilha da antiga Deusa Nore, também conhecida como a mãe de todos os mares e oceanos.
Estes dias seriam dedicados ao retiro espiritual, ao reencontro e ao treino da ligação do nosso Cosmos (o nosso universo simbólico interior de onde emergem os nossos poderes) ao Ki (ou chi), a energia vital que liga toda a vida conhecida.
Acampamos no sopé das montanhas de Samaria, entre a presença da floresta densa e a visão do Mar de Nore, nome dado em honra da Deusa. Eramos dezasseis: Eu, Milnar, Leo, Eclipse, Lucy, Sims, Tortuga, Whita, Yber, Blinde, Pachamama, Giray, Voltur, Silver, Saramis e Atena.
Grande parte dos que viajavam comigo já eram Mestres e tinham os seus próprios clãs de aprendizes. Para a primeira noite pedi a Yber e Tortuga para atearem a fogueira e convidei todos a sentar em circulo enquanto ceávamos. O ponto de partida de hoje seria que destino ou liberdade dava-mos à nossa sabedoria. Lancei a questão ao grupo:
- Meus amigos, é um privilégio voltar a juntar-vos. Espero que os próximos dias nos permitam voltar a reencontrar o nosso Cosmos. Hoje gostava de perceber como vive a vossa sabedoria, no destino ou liberdade?
A pergunta era intrigante. O primeiro a responder foi Sims:
- Mestre, a minha sabedoria vive na liberdade dos outros, no que sou capaz de aprender com eles e no que sou capaz de lhes ensinar.
Por sua vez, Pachamama respondeu:
- Mestre, na minha humilde opinião, a minha sabedoria tem tanto de destino como liberdade. Aprendi a ser no acaso e fui a melhor versão de mim mesma quando escolhi o que se seguia.
As opiniões foram-se sobrepondo umas às outras enquanto mantinha o meu silêncio. Foi então que Blinde me confrontou:
- E tu Mestre, que resposta darias?
Pausei alguns segundos, mas não precisei de muito tempo para responder:
- Amigos de caminho, há muito tempo que escolhi o meu caminho de sabedoria. Resumo tudo numa ideia. Quem sabe reparte e quem não sabe procura.
Depois deste momento era a hora de terminar o dia.