Os quatros pilares da Elevação - Diários da Superstição - Parte I


Por estes dias rumei até Sião, as terras mais a Oriente do universo conhecido. Tinha dois objetivos, rever Samantha, velha amiga de outras histórias e Feiticeira dos Fantasmas Vivos e, por outro lado, treinar com Mestre Pexár as Artes da Elevação. 

Sião era conhecida como o território das superstições, onde deuses, espíritos, fantasmas, lendas, guerreiros e a história comum coexistiam, sem que muitas vezes fosse possível perceber o que era real e o que era uma ilusão. A minha amiga Samantha, por sua vez, era conhecida pelo título de Feiticeira dos Fantasmas Vivos, pela capacidade que tinha de colocar os espíritos e fantasmas em contacto com o comum mortal. Pexár, Mestre das Artes da Elevação, ensinava aos seus aprendizes os princípios da Elevação, a capacidade de transformar a energia acumulada ou maligna em energia pura, capaz de restabelecer o equilíbrio do guerreiro mais furioso. 

Eu procurava junto de Pexár o treino que muitas vezes me faltou, a capacidade de passar por cima do ressentimento, a habilidade de aceitar a perda, a capacidade de não me iludir pelo poder ou a competência de transformar o egoísmo em altruísmo. 
Tinha chegado a Sião à poucas horas. Samantha recebeu-me com alegria. Não perdemos tempo. Fomos de imediato ao Templo de Thai onde Mestre Pexár ensinava o seus aprendizes. 

Quando chegamos deparamo-nos com uma receção a um conjunto de novos aprendizes que haviam chegado. Pexár convidou-nos a sentar e a ouvir um dos Mestres Aprendizes de Pexár, Lione, a explicar aos novos aprendizes os quatro pilares das Artes da Elevação. Era uma ótima oportunidade de recordar ao que vinha.
  
No centro do Templo de Thai tinha um enorme lago. No centro do lago tinha um púlpito onde eram dadas as palestras aos aprendizes. Estes ficavam sentados em posição de Lotus à volta do lago. Seguimos o mesmo procedimento. Então, Lione iniciou o seu discurso: 
- Bem vindos nobres aprendizes. O que procuram é a Elevação, mas esta vai demorar uma vida inteira a descobrir. O que hoje partilho convosco apenas vos abre a porta do caminho interminável. 

Lione tinha uma voz penetrante. As suas palavras ecoavam em cada um como se fossem ditas de modo a ficarem marcadas na mente. Neste dia ele recordou-me os 4 pilares das Artes da Elevação:
- O ressentimento desgasta a alma, ocupa o espaço que não temos. Por cada ressentimento irrefletido procura na Natureza o espaço que perdeste; 
- A perda é como um portal da alma. Lembra-te que nada é eterno mas permite que uma nova viajem se possa iniciar; 
- O poder é a capacidade de mudar o imóvel, o que está mal e o que pode ser elevado. É a oportunidade de dar e receber. Não é teu, não é de ninguém, é a responsabilidade de todos que alguns vão exercer. 
- O egoísmo é a oportunidade de te encontrares no tempo necessário para não te perderes. 
Estas eram as quatro lições que vinha redescobrir nestes dias por terras do Oriente.