Diários da Pele - Parte III e IV - "Raízes..." e "Refúgio do Sempre"



"Raízes..."

Esta é terceira parte dos diários em que decidi revelar "a minha troca de pele".

Hoje foi dia, ao contrário do que costuma acontecer, de casuisticamente jantar em família. Passo tanto tempo a interpretar o conflito geracional e parental dos meus aprendizes que enquanto Mestre e Aprendiz me desafio pouco a compreender de que forma me interpreto e revelo com a minha própria família.

No breu da noite e em conversa com o meu aprendiz e amigo, Davi, cujo o símbolo é o Dragão Metamorfo da Terra, revi de forma austera e objetiva  o meu eu "enquanto filho". A conclusão não foi brilhante. Sou ausente, pouco presente, lunar e casuístico. No entanto, reconheço as raízes, a relevância e o sempre que devo gratificar e honrar. Mas a palavra chave é raízes, as que já plantaste, as que vais começar a plantar e as que ainda tens de cuidar.

E assim desbloqueio o segredo que a minha alma de filho grita: "Enquanto existirem raízes o tempo ainda é hoje..."



"Refúgio do Sempre"

Ethérnia, a minha casa, enquanto palavra significa "refúgio do sempre". Estranhas palavras, estranho conceito, mas nada mais poderia caracterizar o sítio que escolhi para me perder de mim próprio do destino alheio.

Se transportar este conceito para as armaduras que escolhi para os combates das Guerras Eternas, só uma pessoa se aproxima da ideia de "refúgio do sempre". Estranhamente, no meu privilégio de existir, essa personagem também me escolheu. Ela é Sarah, Mestre Unicórnio.

Sarah é o tronco da árvore de raízes metafísicas que só existe na coexistência dos meus dias. Sarah é a companheira de combate que domina todas as armas que não tive coragem de aprender. Sarah é o mapa que cada peregrino preserva para a grande viagem. É um mapa de direções ocultas que só o coração mais astuto é capaz de vislumbrar.

Ethérnia, "o refúgio do sempre", não é sinónimo de Sarah, são antes a dualidade da minha serenidade, do meu bom combate e do legado de amor que não se define.

Todos nós temos e somos um "refúgio do sempre", uma lógica sem tempo nem lugar, um amor que nos faz querer sempre começar e o capítulo do livro que lemos todos os dias.