Diários do Reencontro - "Ser a melhor versão do que posso e sei ser com o tempo, treino e recursos que tenho..." - Parte I


Por estes dias estava de volta a Milénia, arquipélago de velhas lendas e uma das casas da Ordem dos Cavaleiros do Poder, a organização secular de que fazia parte. 

Em tempos contaram-me sobre Milénia como uma terra de recantos incontáveis, de magia celeste, de serenidade insondável, revestida e escondida por entre um mundo de homens. Era determinada como o local dos escolhidos, dos homens e mulheres de fé. Era cantada como o recanto onde os guerreiros descansam depois das suas inúmeras batalhas, uma miragem para os poetas e o espelho para as almas transparentes. Para mim era também o território da Lagoa das Visões, o meu refúgio intemporal e casa simbólica.

Vinha para o Conselho de Mestres da Ordem dos Cavaleiros do Poder. Por aqui estavam Mizegui, Canis Lupus,Cheetra, Lynus Freire, Caelum, Karin, entre muitos outros. Estavam alguns dos meus mais venerados Mestres e alguns dos meus melhores aprendizes, agora, também eles, Mestres.

A primeira sessão de trabalho seria uma reunião de meditação coletiva na Lagoa das Visões. Não podia estar mais feliz. Seria orientada por Mizegui, Mestre Guardador de Sonhos e um dos meus melhores amigos. 

Mizegui evocaria o mantra da reconciliação como forma de agradecermos a este lugar mágico o facto de todos nos podermos reunir novamente e ao mesmo tempo.

Sentamo-nos em círculo, fechamos os olhos e deixamos que os cânticos de Mizegui nos guiassem. Em pouco tempo a nossa mente viajou para uma espécie de delírio coletivo onde nos viamos a caminhar sobre a Lagoa das Visões. Numa interação em que as nossas energias se entrelaçavam, por entre abraços e acenos de boas vindas, as nossas auras estabeleciam um ritmo coletivo que nos colocava a todos na mesma vibração melódica. Era como se aquela melodia de serenidade nos guiasse de volta ao encontro da essência da energia coletiva de velhos amigos e companheiros de jornada.

Ao fim de um par de horas voltamos do transe. O resto do tempo foi passado a por a conversa em dia e a assistir a um assombroso por do sol.

Nos próximos dias iriamos refletir acerca da nossa premissa coletiva, distribuir as novas missões e meditar em homenagem aos Deuses da Criação. Por hoje, cada um havia recordado o motivo que nos colocava ali: "ser a melhor versão do que posso e sei ser com o tempo, treino e recursos que tenho..."